O título da presente exposição realça o uso continuado de azulejos em Portugal, apresentando exemplares produzidos no nosso país entre o início do século XVII e a atualidade.
Portugal é o país onde, de norte a sul, assim como nas ilhas, podemos encontrar azulejos aplicados em igrejas, conventos, palácios, jardins, casas de habitação, mercados, estações de caminho-de-ferro, fachadas de edifícios…
A sua presença é de tal forma marcante e intensa que podemos falar numa arte identitária de um país e de uma cultura.
No entanto, Portugal não inventou o azulejo, sendo ele comum a outros países, e os primeiros que aplicámos nas nossas arquiteturas, a partir de meados do século XV, foram importados de centros de produção ibéricos como Manises, Sevilha ou Toledo.
Esta relação entre azulejos e arquiteturas, através de revestimentos parietais no interior dos edifícios e em fachadas exteriores, muitas vezes de carácter monumental, é a característica identitária da arte do azulejo em Portugal que fica ausente desta exposição. As obras que apresentamos, todas elas provenientes da coleção do Museu Nacional do Azulejo, já não se encontram nos espaços em que foram aplicadas, tendo-se perdido os diálogos que estabeleceram com as arquiteturas.
No entanto, outras características identitárias do uso do azulejo em Portugal podem ser aqui sublinhadas: as suas multifacetadas formas de expressão, nomeadamente através de painéis figurativos, padronagens, e representações ornamentais; o seu imenso valor decorativo, mas também os modos como as suas superfícies serviram de suporte à renovação do gosto, de veículo a narrativas e a afirmações sociais ou de poder, de registo de imaginários.
Tudo isto passando em revista o papel fundamental da gravura como suporte do trabalho dos pintores e apresentando ainda algumas das diferentes linguagens utilizadas por alguns dos mais proeminentes artistas portugueses contemporâneos.
Uma tradição secular em permanente atualização.