Nesta primeira edição das Jornadas Dinisianas, será abordado o Universo Feminino Dinisiano, estabelecido entre dois séculos de representação da mulher, entre o século XIX, a época de Júlio Dinis, e a idade contemporânea.
As Jornadas Dinisianas são constituídas por um conjunto de atividades formativas que partem do contexto de produção e de algumas linhas temáticas da obra de Júlio Dinis para uma reflexão sobre grandes questões contemporâneas. Haverá sempre uma perspetiva literária complementada por perspetivas históricas, sociológicas, económicas, políticas e ambientais.
As "JORNADAS DINISIANAS - O Universo Feminino Dinisiano: (Com)textos" foram acreditadas pelo CCPFC, na modalidade de Curso de Formação, em regime presencial, com a duração de 15 horas, para efeitos de progressão em carreira dos docentes dos grupos 200, 300 e 400, com o registo CCPFC/ACC-131041/24. A certificação dos formandos ficará a cargo do Centro de Formação Intermunicipal de Estarreja, Murtosa e Ovar (CFIEMO).
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15 NOVEMBRO | SEXTA
✎ 14h00 - ESCOLA DE ARTES E OFÍCIOS
> ACOLHIMENTO E SECRETARIADO
✎14h15
> SESSÃO DE ABERTURA
Prof.ª Doutora Ana Maria Soares Ferreira (Comissária)
Dr. Nuno Gomes (Diretor do Agrupamento de Escolas de Ovar Sul)
Dr. Domingos Silva (Presidente da Câmara Municipal de Ovar)
✎14h25
> MESA I
Apresentação do programa 1.º dia- Moderação
Dr. José Licínio Pimenta (Chefe de Divisão da Cultura e Desporto da Câmara Municipal de Ovar)
✎14h30
> 1.ª COMUNICAÇÃO
Júlio Dinis não morreu: da atualidade da narrativa dinisiana
Prof.ª Doutora Ana Maria Soares Ferreira
Com a presente comunicação, pretende-se promover uma reflexão sobre a atualidade das grandes linhas temáticas que atravessam a obra narrativa dinisiana, expressão da observação atenta de Júlio Dinis sobre a sociedade portuguesa da segunda metade do século XIX, saída das convulsões do Liberalismo e vivendo o período da Regeneração. Questões como a educação, a oposição entre cidade e campo, a conciliação entre o progresso e a tradição, a educação ou o papel da mulher são abordadas ficcionalmente através de tipos intemporais e espaços físicos e sociais fortemente semantizados que urge reler, não só pela sua qualidade literária, mas também pelo seu potencial para desencadear pertinentes discussões, promotoras da leitura de um escritor visto, frequentemente, como datado, sobre temas que são, na verdade, também do nosso tempo.
Ana Maria Teixeira Soares Ferreira Licenciada em Ensino de Português e Inglês pela Universidade de Aveiro, é docente e adjunta da Direção do Agrupamento de Escolas de Ovar Sul. Mestre em Literatura Portuguesa pela FLUC, com uma tese sobre a poesia de Alexandre O'Neill, e doutorada em Literatura pela UA, com uma dissertação sobre as representações da morte em Mia Couto. Desde 1992, tem lecionado Português, Literatura Portuguesa, Cultura Portuguesa e Língua Portuguesa nos ensinos básico, secundário e superior. Tem vindo a participar em várias iniciativas culturais da Câmara Municipal de Ovar, destacando-se a colaboração com o Museu Júlio Dinis, com comunicações e artigos sobre Júlio Dinis e um texto crítico integrado na edição de 2021 de O Canto da Sereia. Em 2023, comissariou as comemorações dos 160 anos da passagem de Júlio Dinis por Ovar. Foi coordenadora científica do documentário O Projeto Literário. Crónicas de Júlio Dinis em Ovar, realizado por Rui Pedro Lamy e financiado pela Câmara Municipal de Ovar. É comissária e coorganizadora do Programa comemorativo do 185.º aniversário do nascimento de Júlio Dinis e das I Jornadas Dinisianas.
✎16h00
> DEBATE
✎16h15
> COFFEE BREAK
✎16h30
> 2.ª COMUNICAÇÃO
A condição feminina no tempo dinisiano: retrato de uma sociedade em afirmação
Dra. Cristina Vilas Reis
Sinopse
Historicamente, até à actualidade, traçando o percurso da condição feminina, há uma constante: o facto biológico, no jogo da garantia da continuidade da espécie, de ser a mulher a ter o papel de parir. Estruturas culturais, sociológicas, territoriais, ..., delinearam-se em movimento caleidoscópico, entre ruídos e silêncios, e fazem-nos!, num tempo em que, sem precedentes, lateja semanticamente a igualdade, em tantos quadrantes. Ao tempo dinisiano, no contexto de expressão ocidental, como foram as tessituras da condição feminina? É a proposta para esta comunicação.
(A autora da comunicação não usa o Acordo Ortográfico de 1990).
Cristina Vilas Reis, com formação superior nas áreas de Geografia, de Estudos Europeus e Comunitários e de Demografia Histórica, desenvolve interesses e práticas em temáticas diversificadas, como, entre outras, a Antropologia Social, a Etnologia, o Planeamento e a Organização Territorial, seja em espaço urbano, seja no espaço rural, para além de questões de Geopolítica, Geoestratégia, de Geografia das Religiões, Ecogeografia, da Arte teatral. É docente do ensino secundário e coordenadora do Projeto "Espaço Aberto", do Agrupamento de Escolas de São João da Madeira, que coorganiza o Festival de Teatro de São João da Madeira. Integra a equipa redatorial da Revista Reis, organiza o dossier social e é articulista desta publicação. Tem artigos publicados na revista Dunas, tem apresentado palestras e feito curadoria de exposições sob uma pluralidade de temáticas, a convite de várias instituições. Colaborou com a Câmara Municipal de Ovar, no âmbito da programação do evento "Aveiro, Capital Portuguesa da Cultura, 2024".
✎18h00
> DEBATE
✎ 18h30 - MUSEU JÚLIO DINIS – UMA CASA OVARENSE
> VISITA ORIENTADA
A Casa dos Campos.
Dr. António França (Coordenação do Museu Júlio Dinis)
16 NOVEMBRO | SÁBADO
✎ 09h00 - ESCOLA DE ARTES E OFÍCIOS
> MESA II
Apresentação do programa 2.º dia - Moderação
Prof.ª Doutora Ana Maria Soares Ferreira
✎ 09h05
> 3.ª COMUNICAÇÃO
Que Romantismo passou por Ovar e que marcas deixou na Arte e na Arquitetura?
Prof. Doutor Nuno Miguel Resende Mendes
Sinopse
Esta comunicação e visita guiada têm como objetivo explorar a presença e os vestígios do movimento Romântico na cidade de Ovar, destacando o seu impacto na arte e arquitetura locais. Durante o século XIX, o Romantismo trouxe uma nova sensibilidade artística e cultural para Portugal, influenciando profundamente a estética urbana, a arquitetura e outras expressões artísticas.
Na comunicação, será apresentada uma análise histórica do contexto social e cultural que permitiu a disseminação das ideias românticas até Ovar, explorando como este movimento poderá ter refletido a mudança de mentalidades e valores da época. Faremos uma abordagem às influências que marcaram as construções arquitetónicas, nomeadamente nos edifícios civis e religiosos, identificando características como o ecletismo, o revivalismo medieval e gótico, e a introdução de elementos decorativos inspirados na natureza e no imaginário romântico.
Durante a visita guiada, os participantes terão a oportunidade de percorrer alguns pontos de referência do Romantismo em Ovar, como exemplares arquitetónicos e elementos decorativos que se destacam (ou ocultam) na malha urbana.
Nuno Miguel Resende Mendes (Cinfães, 1978) é professor no Departamento de Ciências e Técnicas do Património da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Doutorado em História da Arte Portuguesa (2012), mestre em Estudos Locais e Regionais (2005) pela Universidade do Porto, e licenciado em História (2001) pela Universidade do Minho, dedica-se à investigação nas áreas de História e História da Arte, com especial enfoque em Arte Religiosa, História da Fotografia, História das Populações, Micro-História, e na relação entre Paisagem e Território. Além disso, a sua pesquisa abrange a aplicação de metodologias inovadoras na análise de fontes históricas. Com uma vasta experiência na curadoria e comissariado de exposições, bem como em projetos museológicos, Nuno Resende tem contribuído para a divulgação e preservação do património cultural e artístico, através da sua investigação e trabalho nestas áreas.
✎ 10h15
> DEBATE
✎ 10h30
> COFFEE BREAK
✎ 10h45 - CENTRO HISTÓRICO DE OVAR
> VISITA URBANA
O Romantismo no Centro Histórico de Ovar
Prof. Doutor Nuno Miguel Resende Mendes
✎ 13h00 - ESCOLA SECUNDÁRIA JÚLIO DINIS
> DEGUSTAÇÃO
Almoço Dinisiano comentado
Prof.ª Tânia Almeida (Curso Profissional Técnico Restaurante e Bar)
Inspirado nas referências gastronómicas que atravessam a obra dinisiana, em particular no célebre Capítulo XVIII de As Pupilas do Senhor Reitor, este momento de degustação proporcionará uma original oportunidade de reflexão sobre a importância da alimentação na construção da visão dinisiana do Portugal rural de Oitocentos.
✎ 15h00 - MUSEU JÚLIO DINIS – UMA CASA OVARENSE
> TERTÚLIA
Conversa à Volta do Tanque: A mulher – uma viagem pelos caminhos da independência – de Júlio Dinis à atualidade
Dr. Valdemar Cruz e Prof.ª Doutora Isabel Pires de Lima
No âmbito do projeto cultural “Espaços de Pensar – Teias de Sentir”, de Rosa Bela Cruz
Como a Casa Museu Júlio Dinis será palco e epicentro de todo este conjunto de atividades, será da maior pertinência transformá-la num verdadeiro espaço de pensar. Seja através das problemáticas suscitadas pelas exposições de artes plásticas, seja a partir das reflexões desencadeadas pelas diferentes conversas/debates.
Ao longo dos tempos, sempre foram atribuídas às mulheres funções e características que ainda hoje continuam a contribuir para definir e identificar mentalidades e modos de vida, a partir de um padrão tradicional de identificação de género feminino ou masculino. No contexto da obra de Júlio Dinis, é possível detetar retratos de mulheres portuguesas da segunda metade do século XIX, num contexto rural e de elevado índice de analfabetismo. O escritor vive numa sociedade em mudança e, por isso, reflete sobre o papel da mulher na sociedade e na família.
Assim, com base no papel atribuído à mulher nas diferentes obras de Júlio Dinis, propõe-se uma reflexão sobre o caminho percorrido e quais os contrastes com aquele final do século XIX e estas primeiras décadas do século XXI. É possível obter informações relevantes sobre as sociedades e o papel atribuído às mulheres através da literatura? Pode a literatura ser transformadora? Consegue a literatura refletir os percursos assumidos pela mulher na rota da sua independência económica, social e política?
Valdemar Cruz é jornalista desde o século passado. Chegou ao Expresso em 1989. Começou a trabalhar nos jornais dois anos depois da Revolução de abril de 1974 e sente que nunca se teria iniciado sem aquele dia de cravos na rua. Após longos anos no Conservatório de Música, poderia ter ficado músico, a única atividade remunerada alguma vez exercida na vida para lá do jornalismo. Quando teve de decidir, escolheu os jornais. Licenciado pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, é autor de uma mão cheia de livros.
Isabel Pires de Lima, política portuguesa e professora universitária ligada às Letras. Licenciou-se em Filologia Românica e fez o doutoramento em Literatura Portuguesa. Tornou-se professora na Faculdade de Letras do Porto, especializada em Literatura Portuguesa. Destacou-se como especialista na obra de Eça de Queiroz, tendo integrado o Conselho Cultural da Fundação Eça de Queiroz. Ao longo da sua carreira, escreveu mais de cem artigos para jornais e revistas na área da crítica e dos estudos literários. Escreveu também diversos livros desde 1987, ano em que lançou «As Máscaras do Desengano – Para Uma Leitura Sociológica de "Os Maias" de Eça de Queiroz». Três anos mais tarde, coordenou a obra «Eça e "Os Maias" Cem Anos Depois» e, em 1992, responsabilizou-se pela parte portuguesa de “Lettres Européennes – Histoire de la Littérature Européene”. Coordenou ainda obras sobre Antero de Quental e Óscar Lopes. Sobre este último ensaísta, produziu um documentário que foi apresentado na Feira do Livro do Porto de 2005. Em 1995, foi a responsável científica do Colóquio Internacional Eça de Queiroz - 150 Anos do Nascimento, que teve lugar em Sintra. No ano seguinte, desempenhou igual função no Encontro "Neorealismo/Neorealismos", que decorreu em Matosinhos Em 1998, foi comissária científica do Encontro de Literaturas Ibero-Americanas organizado pelo Instituto Camões. Integrou o júri de diversos prémios literários, nomeadamente o da quinta edição do encontro de escritores Correntes d'Escritas realizado na Póvoa de Varzim, em 2005. Ocupou cargos em diversas instituições culturais, como a Associação Portuguesa de Escritores, a Associação Internacional de Lusitanistas, Cooperativa Artística Árvore e a Fundação de Serralves. Paralelamente à atividade profissional dedicou-se à política, tendo sido militante do Partido Comunista Português entre 1976 e 1991. Em 1999, Isabel Pires de Lima ocupou pela primeira vez um cargo político nacional, ao ser eleita deputada à Assembleia da República. Concorreu como independente pelas listas do Porto do Partido Socialista. No exercício das funções de deputada, representou a Assembleia da República no Conselho Nacional de Educação. Ocupou o cargo de ministra da Cultura do XVII Governo Constitucional, liderado pelo primeiro-ministro José Sócrates, do Partido Socialista, de 12 de março de 2005 a 29 de janeiro de 2008, altura em que foi substituída por José Pinto Ribeiro.
✎ 17h00
> ENCERRAMENTO
Prof.ª Doutora Ana Maria Soares Ferreira (Comissária)
Alexandre Rosas (Vice-Presidente da Câmara Municipal de Ovar)
✎ 17h15
> PORTO DE HONRA